Diary Words

O professor já entrou na sala. Afinal não se esqueceu que hoje era teste, não tive sorte.

Estou com este papel na mão, a escrever, se ele olha para mim vai pensar que estou a estudar no corredor, mas não, estou a enganá-lo bem.

Não estou a estudar, mas é como se estivesse. Escrever tranquiliza-me, se estivesse a estudar agora em cima da hora do teste iria ficar nervoso, ansioso, com medo de falhar.

Não é novidade, eu falho sempre, sou um falhado, falhei quando fiquei nervoso um dia e não soube o que fazer com tanta coisa para te oferecer dentro de mim, era o meu primeiro amor, a primeira vez que me apaixonei, que tentei ser feliz, que gostava de alguém, que via em alguém tudo o que sempre sonhei, e que continuo a gostar cada vez mais todos os dias. Quem não fica com medo por tentar viver o amor pela primeira vez, de tudo mudar na vida de um momento para o outro, de beijar alguém pela primeira vez? Não te enganei nem te vou enganar, nunca, o meu olhar apaixonado por ti continuará a ser o mesmo, se sofri por fazer isso por ser ingénuo comigo mesmo, sofro ainda mais todos os dias por saber que errei com a única pessoa que o meu coração amará para sempre, mas sou um falhado, e os falhados merecem sofrer até morrer.

Mais vale escrever, a única maneira que arranjei de não falhar, mas a escrever também falho, escrevo para quê, se não lês estes textos, e ficas a pensar que o meu silêncio é o resultado de mais uma mentira, como aquele amo-te que tive coragem, poucas vezes é verdade, mas as únicas que não tremi mais do que um terramoto e tomei coragem de enfrentar o vento e de to dizer, aquela mentira naquele gesto de carinho na cara, talvez exagerei, desculpa, mas gostava de te fazer especial como me fazes a mim sem saberes, foi a maneira mais genuína que encontrei ali para o demonstrar, essa mentira que só é mentira para ti.

Já passaram 10 minutos, são 9:15, o professor ainda não se despachou a colocar as folhas de teste em cima da mesa, está ao telefone, pela maneira como se ri, deve estar a gozar connosco ao telefone com os colegas, ou lembrou-se e está a desejar bom ano a todos os professores do departamento antes do teste.

Não importa, pode demorar o tempo que quiser, eu estou tão bem aqui a escrever no banco que está junto à entrada da sala, no corredor, onde passam tantas pessoas aflitas, mas nenhuma tu.

Acho que ainda tenho tempo para imaginar aquele vai correr tudo bem teu que me dizias, se estivesses aqui de certeza me irias desejar boa sorte. Da última vez que me disseste isso, o teste que fiz correu-me tão bem, só que não estás, está a minha mochila, a mesma de sempre, que carrega comigo todos os suspiros que neste momento estou a dar, de saudade tua. Já reparaste que sem ti não sou o mesmo? Bastava passares por aqui onde estou, veres de longe, talvez notasses alguém perdido, é verdade, mas se te visse à minha frente. encontrava a estrela que me guiava até ao destino, aquilo que só consigo ser quando penso em ti.

O professor já vai abrir a porta, espero que corra bem, eu vou sentar-me na primeira fila, não irei copiar, porque a única coisa que gostava de copiar era a tua inteligência, mas essa é impossível de copiar, não posso copiar a tua perfeição.

Vou guardar esta folha na mochila, é mais uma página do resumo, o resumo da minha vida.